Você é como você come
- Nicole Plascak
- 2 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de out.

A forma como comemos fala sobre muito mais do que o que colocamos no prato. Fala sobre como nos relacionamos com a vida.
Comer começa como instinto, uma necessidade básica de sobrevivência, mas também é afeto, memória, vínculo, imaginação. Cada refeição carrega um pouco de quem somos: o cuidado herdado, o conforto buscado, o vazio que tentamos preencher.
Vivemos tempos em que o comer foi reduzido a números, tabelas e metas. A comida virou combustível, o corpo virou máquina e o prazer, culpa. Mas o que acontece quando a alma tem fome, e o corpo é o único lugar onde ela busca saciedade?Compulsões, dietas extremas, culpa... talvez sejam apenas formas do inconsciente dizer: há algo em mim que quer ser ouvido.
Olhar para a alimentação pela lente da psicologia analítica é reconhecer que cada escolha, impulso ou restrição é também um símbolo.
Quando comemos demais, o que estamos tentando engolir?
Quando controlamos o que entra, do que temos medo de receber?
Quando buscamos o doce, será que é o sabor... ou a doçura da vida que está em falta?
Cozinhar e comer são, no fundo, movimentos de integração. Ao engolirmos algo, começa um processo difícil ou mesmo impossível de se interromper: a digestão. Isso claro é sobre comida, mas também sobre a vida e os eventos que acontecem conosco. É aí que a comida e co comer podem ser o elo entre o instinto e o espírito, entre a matéria e a alma.
Talvez a pergunta que inicia uma reflexão a partir da alimentação não seja mais “o que você come”, mas sim“como você come”.
Com pressa ou com presença?
Com culpa ou com prazer?
Com medo ou com curiosidade?
A forma como você se alimenta pode ser o espelho da forma como você vive. E o processo terapêutico pode ser o espaço para escutar o que sua fome, física, emocional e simbólica, está tentando contar.
Se sua relação com a comida anda pesada, rígida ou sem sentido, talvez seja hora de se aproximar dela com outro olhar: o olhar simbólico da psicanálise, que nos ajuda a resgatar o sentir, o significado e o prazer de estar vivo, para além da comida.



