Psicossomático não é “da cabeça”: o corpo também fala
- Nicole Plascak
- 12 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de out.
Como compreender os sintomas como mensagens da alma e caminhos de reconciliação entre corpo e mente

A palavra psicossomático costuma ser usada de maneira errada, como se designasse apenas doenças “emocionais” ou sintomas “inventados pela mente”. Mas, na verdade, toda experiência humana é psicossomática, pois não existe separação entre corpo e psique. O corpo é a expressão visível da alma, e a alma se manifesta através do corpo. Assim, dizer que algo é psicossomático não deveria ser um rótulo, mas um lembrete da nossa unidade.
Quando compreendemos o ser humano de forma integral, percebemos que todo sintoma carrega uma mensagem. Ele é uma linguagem simbólica, uma tentativa do inconsciente de tornar visível o que ainda não pôde ser dito.
O corpo, nesse sentido, não “trai” a mente: ele a traduz. Um sintoma não é um erro a ser eliminado, mas um sinal de que algo em nós precisa de atenção, significado e reconciliação.
Por isso, ao invés de perguntar “como eliminar este sintoma?”, talvez possamos perguntar “o que ele quer me mostrar?”. Essa mudança de olhar é essencial.
O sintoma deixa de ser um inimigo e passa a ser um guia para o autoconhecimento, revelando emoções negadas, conflitos antigos, padrões repetitivos e dores que aguardam elaboração. A mente e o corpo não são dois sistemas separados, mas dois modos de uma mesma vida se expressar. Todo sintoma físico é também simbólico, e todo sintoma psíquico é também corporal.
Proponho aqui um exercício prático, para refletirmos a partir de questões que trazem um ponto de vista psicossomático e analítico. Pense na sua ansiedade, agora tente responder algumas dessas perguntas, sem julgamentos e sem expectativa de achar uma resposta final:
O que em mim está tentando ir mais rápido do que o tempo permite?
Que parte minha teme parar — e o que encontraria se o fizesse?
O que meu corpo acelera para não sentir?
Que imagens internas (situações, expectativas, vozes internas) estão pedindo controle?
Essas perguntas não buscam diagnóstico, mas consciência. Elas nos devolvem à escuta do corpo e das emoções como portais para o inconsciente.
Se você sente que pode trilhar esse caminho de autoconhecimento através da sua relação com o corpo, esse percurso reflexivo pode ser conduzido dentro de um processo terapêutico. A psicanálise integrativa oferece um espaço para essa escuta profunda. Ao acolher corpo e psique como dimensões de um mesmo ser, ela permite ressignificar sintomas e restaurar o equilíbrio vital. O processo analítico não visa apenas eliminar a dor, mas compreender sua linguagem — para que dela nasça uma nova forma de estar no mundo, mais coerente, mais livre e mais inteira.



